O Ronaldo das Finanças sumiu

Mário Centeno, o Ronaldo das Finanças, desapareceu do jogo, Marcelo está em isolamento depois de andar a distribuir beijinhos. Se um ficcionista chegar aqui, vindo de uma sociedade desenvolvida numa galáxia longínqua, chega ao paraíso dos escritores – sim, parece ficção tanta incúria política junta. No lugar de Centeno em fuga, milhares de médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares e administrativos estão em jogo, a salvar vidas, pondo as suas em risco. O défice zero ia salvar os juros da dívida pública e para isso paga-se, nesta minha terra, líquidos a um médico 1700 euros, a um enfermeiro 1000 euros, a um técnico 750 euros, a um auxiliar e um administrativo 580 euros, quando qualquer casa normal custa hoje 1000 euros por mês, e um supermercado de uma família de 4 outros 1000. Centeno já devia ter vindo a público determinar com caráter de urgência a exclusividade no SNS, até para evitar contágios destes profissionais para os hospitais privados e vice versa, e subir-lhes o salário 30% com medidas extraordinárias. Em vez disso sumiu, desapareceu, está à espera que um ET o leve daqui. Perante o descalabro evidente das suas políticas aguarda uma nave espacial que o leve para longe – é que dívida pública disparou, não serviu de nada o défice zero, a não ser para salvar meia dúzia de banqueiros; pôr o país dependente do turismo, sem apostar na diversidade interna, levou agora milhares de PMEs ao colapso; não se salvaram as contas do Estado, mas massacraram-se os profissionais do SNS pondo a vida deles e nossa em risco. Reitero: quando o Ministro, bajulado qb por tantos media, que sabem tanto de economia como eu de física quântica, o mesmo Ministro que é Presidente do Eurogrupo, abandonou o navio, até aqui só quebrou o silêncio para dizer quanto nos custa o COVID, em vez de dizer quanto vai gastar para combater o COVID. Só fala do impacto económico do COVID, e diz que “vai reunir-se em breve…”. Enquanto este cenário obsceno se desenrola, eles, os profissionais de saúde, entraram navio de peito aberto – e nem máscaras tinham. /&%hP! Nem máscaras! Já há centenas de contaminados entre médicos e enfermeiros, tudo indica. Um Ministro zero para um défice zero. As minhas seguintes palavras sobre isto são impublicáveis – só em Trás os Montes, sozinho no campo, se diz palavrões como os que me vêm agora à cabeça.