Me No, jamais!

Uma mulher com quem C. Ronaldo andou fez chantagem com ele dizendo que nada falaria sobre eles em troca de quase 400 mil dólares. Agora vem argumentar que o acordo de silêncio era para a relação, e não para a violação (até porque legalmente nos EUA pode-se comprar o silêncio destas mulheres em troca de dinheiro que elas aceitam, mas não pode legalmente, felizmente, incluir crimes nesse silêncio – por enquanto diria eu… lá chegaremos, a esta velocidade de loucura colectiva)
Ora eu não sei se ela foi violada ou não. Isso cabe aos tribunais. É um crime de enorme gravidade que exige seriedade total na investigação, sem qualquer atenuante, que não pode ser feita por jornalistas. Sei porém que este tipo de mulher não me representa em momento algum, nem pode representar nenhuma mulher agredida. Aliás é o tipo de mulher com quem eu gostaria de nunca me cruzar na vida, jamais, por exemplo, andarei lado a lado numa manifestação de luta pela igualdade ao lado destas tipas.
Quem segue este mural sabe que a minha simpatia pela persona pública de CR7 não é grande, não o conheço em privado, acho tudo piroso e desconfio sempre quando vejo um homem com a mãe sempre atrás, nesse caso não tenho medo dele mas da mãe, claro. No fundo no fundo…o que eu não gosto é do papel exagerado que o futebol tem no meu país, embora ache o jogo colectivo bonito, e bonito ver tanta gente junta a brincar/jogar e celebrar.
Agora ver uma mulher que recebeu mais de 300 mil dólares de um homem para ficar calada e ficou, demonstra o esgoto moral que o Metoo é. Uma acusação de violação entre um casal que se relacionou está na capa de jornais mas uma mulher receber 300 mil dólares de um homem para não falar em público da relação e aceitar não é manchete, é normalíssimo…
Não sei se os puritanos deste mundo sabem mas há mulheres, como eu, que funcionam segundo padrões morais do paleolítico quando éramos macacos, e grunhíamos. Estes padrões ensinaram-nos cedo que as relações não são compráveis nem devem ser tornadas públicas, e isso não tem preço. Tem um valor altíssimo, o da confiança.
Nunca recebi um euro de um homem para não falar sobre as minhas relações porque jamais falaria sobre os homens com quem me relacionei. As minhas familiares, amigas, colegas idém, nunca passei sequer perto de uma mulher ou um acordo deste tipo. Em que mundo querem viver?
Agora vejamos a consequência séria de tudo isto – a violação é um crime gravíssimo, com penas muito baixas em ordenamentos jurídicos machistas, julgadas em tribunais por técnicos sem a mínima noção do que isso significa, e o que temos para nos representar são estas mulheres? Que sob qualquer ponto de vista como categoria sociológica se enquadram na categoria óbvia de relações-dinheiro, prostituição de luxo ou venda de valores morais?
Nós mulheres temos que quebrar acordos de fidelidades femininas e dizer um basta a estas mulheres que nunca podem representar qualquer denúncia de injustiça social ou de género. O que une é muito menor do que aquilo que nos separa – une-nos o género, separa-nos tudo o resto, a começar pela honra.

5 thoughts on “Me No, jamais!

  1. Sexo sem consentimento e o enlace social…A evidência é muitas vezes obscurantista, a certeza enganadora que nos distancia ou equipara, somos o que está para trás da muralha, aquela que temos necessidade de erguer.

  2. Portanto, a ver se percebi: Uma mulher que seja violada, mas paga, está tudo bem! É isso?
    Ou melhor… Se for violada, receber dinheiro para estar calada, mas depois falar; merece ser ostracizada. É isto, que vossa excelência realmente pensa?
    Acho incríveis que sejam, maioritariamente, as mulheres a ser contra a vítima que foi “supostamente” violada. Interessante e digno das suas análises sociológicas que tanto gosta.

    Gosto muito da sua frase; ” Aliás é o tipo de mulher com quem eu gostaria de nunca me cruzar na vida, jamais, por exemplo, andarei lado a lado numa manifestação de luta pela igualdade ao lado destas tipas.” Revela uma misoginia fascinante, porém logo repleta de contra-senso quando diz luta pela igualdade. Que igualdade, a que são as meninas ordeiras como você? É isso, uma espécie de iguais mas, só as “iguais a mim?”

    Eu até lhe achava com algum talento televisivo e vi-a prontamente a desmontar tudo e todos, mas confesso que esta crónica mostrou-me que realmente é preciso, cada vez mais, Feminismo. Não do seu, claro… Do real. Daquele que a separa da uma realidade mais justa para as mulheres.

    Só uma achega: “Nós mulheres temos que quebrar acordos de fidelidades femininas e dizer um basta a estas mulheres que nunca podem representar qualquer denúncia de injustiça social ou de género.” isto é muito católico. E que tal apedrejar essas mulheres?

    No entanto estou de acordo consigo: ” Não sei se os puritanos deste mundo sabem mas há mulheres, como eu, que funcionam segundo padrões morais do paleolítico quando éramos macacos, e grunhíamos.” Tirando a ideia errada de que éramos Macacos no Paleolítico, acho que a sua moral rege-se mesmo pelo Paleolítico.

    Aquele abraço.

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