Filhos, sinal exterior de riqueza

Entre o Natal e o Ano Novo estive de férias. Fiz com os meus filhos o que queria fazer. Fui a bons concertos, adequados a eles, claro; levei-os a ver bons filmes (Ken Loach, Kusturica e Chaplin), cozinhámos juntos, tocámos piano, e sai música de lá!; andámos de trotinete; fizeram surf; até um cavalete de pintura comprámos, onde, com um livro de arte na mão, treinámos as primeiras tentativas de pintura a óleo; convidámos os amigos deles para sair; brincaram e passearam com a família, as primas, que adoram; lemos, muito, e conversámos sobre a leitura, jogámos cartas. Só em três idas ao cinema gastei quase 60 euros porque pagam como adultos; como algumas das vezes convidei os amigos, subiu para 100 euros, 20% do ordenado mínimo – ir ao cinema! Ah, têm 12 anos, mas pagam tudo como adultos: subir o elevador da bica – 3,70 cada; o bilhete de comboio da linha para Lisboa – nesse dia levei 4 crianças, 17 euros ida e volta; a entrada no castelo custa 8,50 para adultos – não entrámos, há limites…Juntem pinturas, pincéis, concerto, livros…A única coisa gratuita foi o Museu do Aljube, que adoraram, e as igrejas de Lisboa. Juntem uns gelados banais, uns hambúrguers, um chá com bolo em Alfama, sem luxos, passear na nossa cidade. Se tivesse ficado em casa tinha comprado duas playstation, uma para cada um, que os «educavam» o ano inteiro…Há muito tempo que tento dizer isto quando oiço dizer «no país há pobreza mas todos têm um bom telemóvel» – não há nada tão barato para educar filhos como Televisão e jogos de computador e telemóveis. É aí, no aumento da produtividade dos pais, no catatonismo anti-social e virtual dos filhos, que reside o boom das novas tecnologias para crianças que, ainda por cima, actuam no cérebro exactamente como uma droga, promovendo mecanismos de recompensação e satisfação ao nível do cérebro cada vez que estes tocam num botão e o boneco salta, porque o objectivo foi alcançado.
 
Esta nova onda de babysitter electrónica é o espelho não da potencialidade da modernização mas da sua decadência. E deixem-me colocar o dedo na ferida – os pais, cansados, desanimados, com pouco dinheiro, desmoralizados e sem vontade de educar com conflitos, nãos, e outras resistências, serão os primeiros, porque a perversidade humana é uma linha ténue, a dizer «eles querem ficar em casa a jogar». Eles querem? E onde é que eles escolhem? E como escolhem? «Os pais submetem-se e submetem os filhos», disse-me uma vez o psicanalista e pedo psiquiatra Coimbra de Matos – os salários e o tempo de trabalho no país são vergonhosos. E o modo de vida que incorporámos para aceitar isto é regressivo, decadente. Viver está a ficar insuportavelmente caro neste modo de acumulação onde as necessidades humanas são todas mercantilizadas, até aquela que levou milhares de anos a conquistar – o direito à infância. Ter filhos e conseguir educá-los com humanidade, com relações reais, com aprendizagem e não com repetição de mecanismos, no fundo educar filhos com trabalho vivo (humano) e não trabalho morto (máquinas) é hoje um sinal exterior de riqueza.

54 thoughts on “Filhos, sinal exterior de riqueza

  1. Concordo. Mas atenção que poderia ter reduzido os custos. O elevador é muito mais barato se usar cartão pré-carregado. Não sei se é o caso, mas o acesso ao Castelo é gratuito para residentes em Lisboa. E hoje em dia existem tantas coisas para fazer em Lisboa (falo apenas do que conheço) de forma gratuita. Mais no verão do que no inverno, claro. Mas há sítios giríssimos para visitar sem gastar nada (ou pouco, se incluirmos os gelados e hambúrgueres). É uma questão de estar atento e procurar.
    Óptimo artigo!

    • Criei cinco filhos e mais tarde dois dos meus sete netos.Na realidade não havia condições para despesas extras,por isso sábados e domingos as idas ao jardim com eles eram uma alegria para todos.Desde saltar a corda, jogar ao atirar o disco,,cabra cega e tudo que desse para os entreter servia….Um cestinho com merenda fruta e agua eram a solução para não incluir gastos extras .O importante isso sim era o tempo passado em família onde pai e mae por vezes eram piores que os os filhos

  2. Há muito que não lia algo com um fundo de verdade tão amargo, no meio do alvo. Hoje em dia, até para comermos alimentos que não estejam infestados de pesticidas e antibióticos, se paga caro, muito caro. Destruir a lógica e o sistema capitalista como o conhecemos todos os dias e em todas as frentes

    • O sistema que permite ir ao cinema, ter carro, etc? O problema não é o capitalismo, o problema são as pessoas que inventam desculpas para não educar os filhos, as pessoas que atiram os filhos para as creches, escolas, etc, para terem o dia todo para elas.

      • Tenho o privilégio de conseguir trabalhar a partir de casa e ter o meu filho com 18 meses comigo. Claro que só o consigo porque o meu pai me ajuda, e vem cá para casa (50 Km de distância da casa dele) pois o meu marido trabalha – sai às 7h e chega às 20h! Não consegui fazer isto com o meu filho mais velho, trabalhava para outros, e entrava às 9h e saia depois das 20:30h! Não estava na creche porque tinha a sorte de ter uma tia que tomou conta dele até entrar no colégio, mas tinha que o ir buscar às 17h e ficar com ele até eu conseguir ir buscá-lo! Não inventava desculpas, apenas tinha que trabalhar para pagar as contas, como a maior parte dos portugueses. Não julguemos desta forma, pois cada pai deve fazer o melhor que consegue pelos seus filhos e serão muito poucos os que os “descartam” para terem o dia todo para eles(as). Não sei se terá sido propositado o “o dia todo para elas” pois as mães do nosso país têm que trabalhar tal como os pais, e ainda por cima acumulam todas as restantes tarefas domésticas!

  3. Muito bom ! Tão verdadeiro ! Tenho 4 filhos e quando fazemos alguma coisa em familia , o que tentamos com alguma regularidade , é um pesadelo aquilo que se paga !! Realmente para quem quer ter os filhos ocupados , baratos e a não chatear uma PlayStation é a solução ! Cá em casa a chave onde está a PlayStation desaparece de vez em quando . Dos presentes que demos que mais nos arrependemos !Férias é sabido : não há ! Mas como crianças que são tentam a sorte, pedem mas sabem a resposta !
    Mas uma excelente reflexão sobre o “educar” crianças , dar lhes um bocadinho de cultura , ensina los a ouvir música clássica ( ao princípio reclamavam agora ja dizem que é a música do pai e da mãe 🙂 ! ) hoje em dia quando vamos ao teatro / cinema / museu ! Ainda reclamam … mas temos pena ! Vamos todos em família ! Mas quando chegamos e conversamos sobre o que fizemos o saldo é positivo mas caro !!!
    Obrigada pela sua reflexão ! Bom ano !

  4. Não consegui perceber. Educa-Los com “trabalho vivo “é um sinal de riqueza porquê? Há tantas formas de trabalhar “vivamente “para proporcionar aos filhos alternativas ao ficarem em casa a serem educados por maquinas que não passam por pagar e pagar. A prova é que há muitos pais que, mesmo tendo escassos recursos preferem gastá-los com os filhos em “educadores “eletrônicos. É portanto uma questão de opções….ou uma forma de pobreza/exclusão …que as há muitas.

  5. É bem verdade mas como nasci numa família de 8 irmãos aprendi com a minha mãe algumas técnicas criativas. 🙂 Os bilhetes são comprados com cartões NOS, as pipocas vão feitas e casa e postas num balde girissimo que ae compra barato e dura uma vida, bem como a água, as visitas aos museus são aos Domingos ou visitas parciais (gratuitas) aos dias de semana, projecoes gratuits ja de noite e meia dúzia de castanhas para dividir, os bilhetes de circo ou espectáculos são dados por queridos amigos que não vão usar , ar livre, passear pela cidade à Beira Rio, umas fotografias engraçadas para mais tarde recordar é chegam a casa tão felizes e preenchidos… E eu também

  6. Ainda bem que há alguém que pensa como eu. Ja me estava a sentir sozinha. Nestas férias por impossibilidade de ficarem com os avós ou connosco país, os meus filhos foram para a escola, para tempos livres. A maior parte desses tempos livres eram passados a jogar tablet para quem o levava, claro, que não é o caso dos meus. Que pena, já não brincam em grupo como antigamente . Mas a culpa infelizmente é de adultos como nós que lhes proporcionam as novas tecnologias para os manterem quietos e sossegados e nao os deixarmos expandir a sua alegria da meninice.
    Bom ano e continuação de bons programas com as crianças. Obrigada pela partilha da sua experiência.

  7. Até gostei do seu artigo, é verdade. Agora no há, nunca houve nem haverá um livro ou alguém que nos diga como educar um filho, ou se a Nossa maneira está correta. Os filhos são a Nossa maior riqueza mas todos eles embora iguais, São todos diferentes, e gostam de coisas distintas, cabe-nos saber o que cada um gosta. Aqui em Portugal, cada vez mais as crianças no têm relevo, só para fins de estatística e estudo, pois acho que todas elas não deveriam pagar entrada em lado nenhum até aos 16 anos, idade que pelos vistos podem usufruir de um salário. Enfim vivemos em um País de Velhos, ditadores de putas, chulos e corruptos, é o que se arranja para dez anos, lamento.

  8. Tenho filhos dessa idade (12-14 anos), mas penso que o principal problema que temos hoje em educá-los é a constante luta em evitar que abusem das novas ( que já não são novas) tecnologias. Sobretudo o acesso ao telemóvel e a forma artificial como comunicam entre si nas redes sociais. É um novo vício que se transformou numa praga que não conseguimos conter. Passam o dia a mandar mensagens inúteis entre si, a publicar selfies e depois não estudam, não pesquisam, não questionam, não refletem. Vão ficar amorfos, sem opinião e afastados da realidade. O desenvolvimento desta geração como seres humanos completos, realizados e felizes poderá estar comprometido no futuro. Aliado a um país que não oferece oportunidades de emprego ou baixos salários, começo a temer muito pelo seu futuro.
    Gostei da sua reflexão mas não julgo que o principal problema seja o elevado custo financeiro que temos de suportar para lhes proporcionar um entretenimento saudável. Mas antes por outro lado qual o sacrifício que estamos dispostos a fazer, abdicando dos nossos interesses pessoais, para passar mais tempo com os filhos e evitar que eles se isolem no mundo virtual.
    Em todo o caso, eu adoraria conseguir fazer 1/3 das atividades que conseguiu fazer com eles. Penso muitas vezes em fazer muitas coisas, mas acabo por fazer muito pouco, atropelado pela necessidade de, depois do trabalho, querer também ter um tempo próprio para descansar. Enfim, uma reflexão, um dilema…

  9. Bem vindos ao “1984 big brother” de george orwell, em que a a maquina e o estado nos controlam e as crianças são as mais formatadas porque não têm outra oportunidade de conhecer outra realidade senão esta.

  10. Sinto exatamente o mesmo, por isso nestas férias de natal, fomos passear, conhecer a terra dos avós paternos (Aldeia da Velosa e Macieira), ficamos alojados em Mangualde, fomos à serra da Estrela e ainda fomos a Braga porque a minha família é de lá…ainda deu tempo para levar a bisavó de 93 e anos a lanchar e regressados a Lisboa levar as meninas e um amigo ao cinema, com direito a gelado e hamburguer!! Sim, as nossas férias foram a passear e partilhar bons momentos em família e amigos…quanto à partilha de presentes pelo Natal, foi muito modesta, mas cheia de amor e é isso que pretendo que elas levem como bagagem no futuro ❤

  11. Adorei , e concordo a 100% . Hoje em dia ; o desafio està em educarmos as nossas crianças dedicando-lhes tempo . Uma bicileta , ou mesmo uma corda de saltar podem fazer as crianças muito felizes e ajudà-las a descobrir o mundo para além do écran 😉

  12. Está correcta, é uma visão da nossa actualidade. Não podemos fazer uma bitola e achar que tudo é “assim” ou “assado”. Certo é que «esta realidade» que todas as famílias vivem no presente (uns melhor outros pior, uns mais pobres outros mais abastados…) é uma tremenda incógnita… Todos tentam de alguma forma, mais ou menos acertada, chegar a um só objectivo: ser feliz e expandir a tão efémera felicidade a quantos amam!
    Todavia, nunca se viveu nada parecido com o nosso “presente”. Não existem receitas, as experiências passadas nada valem «no agora». Tudo se alterou tanto e tão rápido que o certo de ontem é o errado de hoje. As formulas existentes de nada nos servem. Tudo á nossa volta se inverteu parecendo nada encaixar.
    As “novas” tecnologias chegaram com um pacote completo de «negativo • positivo» e sem livro de instruções… Cabe-nos tentar dosear, colocar o bom senso sempre á frente dos nossos valores, dos nossos conceitos, dos nossos limites. Penso que as PlayStation têm tanto de bom, de educativo, como um bom livro, filme ou passeio… sempre na dose certa.
    Para mim quem dita a regra primordial continua a ser o velho BOM SENSO!

  13. Pois eu concordo plenamente com o descrito aqui. Nada de máquinas nem de brinquedos mecanizados. Um carrinho de madeira, um cavalo de madeira… um pinóquio etc. No entanto tenho um ditado verdadeiramente verídico… NEM TUDO QUE PARECE É. CONFRONTEM FRENTE A FRENTE ESSA DÚVIDA. BEM HAJAM OS QUE ACREDITAM.

  14. Reverencio-me perante estas palavras. Exp?essao maxima de tantas realidades portuguesas! Sim, eu sou uma mulher pobre com o maior sinal exterior de riqueza: o meu filho de 17 anos que aprende comigo e com a vida que o dinheiro é caro, é necessario, é….mas nao paga os abraços cheios de Amor e Carinho que trocamos, tanto nos bons momentos como no meio duma qualquer tempestade….e temos tido tantas!!! Bem-haja pelo que publicou…..quem sabe algures, alguma consciencia desperte….e faça acontecer!!

  15. Como a compreendo! Estas férias fomos à descoberta de Portugal, com 3 filhas (12, 9 e 4 anos). Coninbriga, Mafra, Sintra, Évora e Fátima. Optamos por fazer visitas guiadas para as motivar e ensinar mais, gastamos como se tivessemos ido para o estrangeiro😡. Mas valeu a pena.
    A beleza do nosso País é só para ricos. Uma pena!

  16. Discordo, na minha opinião e por experiência própria acho este artigo demagógico, com a exceção dos transportes públicos que são efetivamente caros para utilizadores não habituais, tudo o resto pode ser encontrado muito mais barato e com qualidade, muitas das vezes até com qualidade superior. Quem quer proporcionar às crianças concertos, cinema etc. de qualidade e baratos ou até gratuitos tem de procurar. Penso que se esta senhora não tivesse a carteira tão recheada e quisesse proporcionar às crianças espetáculos de qualidade ela iria adequar o seu comportamento padrão de consumidor.

    • OH o OH o OH! Esta Senhora está de Ultra Parabens em ter levado as crianças ao museu! Se visse hoje na tv, na Dinamarca (adoro aquele país), na exposiçao da Joana Vasconcelos, todos os miudos vao desde 4,5,6, ver a exposiçao no museu, mas ficam horas a tentar perceber e imaginar a obra e depois na escola cada um tem que criar uma obra sua baseada no que viu e diferente de todos os colegas. Chama-se Criatividade e é a qualidade mais importante nos dias de hoje! Afinal os adultos pagam 75% do que ganham ao Estado e são o povo mais feliz do mundo (não são só estatisticas, as pessoas sorriem e cumprimentavam sem me conhecerem), claro que só com muita Criatividade se consegue produzir e obter os recursos que o mundo hoje compra e só poupar é quase como estourar dinheiro que não se tem, tipo comprar aeroportos e transportadoras a americanos. A Lego é que oferece um aeroporto ao Estado e não as ultimas divisoes da casa a terem que servir de imposto para pagar a banca num país que nem tem criatividade para se livrar dos dogmas do crẽr e seguir a maioria, sem pensar no dia a seguir, ao dia seguinte! Estas crianças Portuguesas vão ter que se livrar da velhisse do Restelo e descobrir um mundo novo e tem que ter muita visão para inventarem os brinquedos, as energias, tecnologias que os outros vao querer!

  17. Concordo plenamente, tenho uma filha de 2 anos e na nossa opinião antes de aprender a interagir com “maquinas” ela tem de saber interagir com o mudo que a rodeia! Por isso não há Ipad para as refeiçoes, não há filmes no carro e a tv de casa não está sempre com o canal Panda ligado.
    Sim é desafiante cansativo e as vezes desesperante … mas ser pai não é fácil, não existem “cheat codes”! E é mesmo necessário passar tempo com eles, comprar livros para ler antes de dormir (dormir é muito importante), comprar lapis de cera, comprar papel, sapatos e roupa que se possa sujar, ter a casa desarrumada e suportar algumas nódoas negras.
    Vemos este tipo de educação sempre a ser atacado, como se fosse uma coisa antiquada. As vezes sentimos-nos como se fossemos os ultimos pais a pensar assim. Vamos criar crianças felizes e curiosas, para que todos tenhamos um futuro melhor.
    Parabéns pelo post, e pelos principios de educação que está a seguir.

  18. Conselho: vila da Sertã: cinema tão atual como os da cidade: 4€, teatro (uma companhia de teatro profissional) gratuito, exposição sobre dinossauros: gratuito, workshops de latoarias, olaria e cestaria para adultos e para crianças : gratuito. Ainda dizem que fora dos centros urbanos não se vive bem? Experimentem!

  19. Completamente… Como o meu ordenado nao me permite a “tais luxos” vamos fazendo uns passeios pelas matas de maquina fotográfica em punho e fazendo historias de legos ☺ ou então qd possível aproveitar as borlas dos museus 😩

  20. Muito bom….(mas com um passe/bilhete normal da carris pode se fazer tudo o que é elevador e eletrico….fica a sugestão para a próxima)

  21. Pingback: A cara educação | Escola Portuguesa

  22. É com mágoa que vejo novamente o dedo indicador apontado aos pais , os pais por norma gostam dos seus filhos fazem tudo por eles tal e qual a senhora faz…
    Vivemos na era da tecnologia e ainda bem ainda bem que as gravidas agora fazem ecografias e não RX ainda bem que existem maquinas que nos salvam a vida ainda bem que existem computadores, ainda bem que os jovens os tem, ainda bem que existe algo fantástico como a net.
    Graças a essa tecnologia o meu filho tem uma biblioteca imensa em casa, graças a essa tecnologia nós, que somos do mundo operário, podemos ver coisas maravilhosas com uma opera, um quadro famoso as pirâmides do Egipto ou a muralha da China… Eu brinquei na rua e vi filmes de coboiadas que me convenceram que os índios eram uns verdadeiros demónios …
    Os jovens de hoje não são uns atadinhos que andam por ai, por norma são bem mais instruídos que eram os jovens do meu tempo. Graças à tecnologia podemos falar com pessoas de todo o mundo, nem a língua é um impedimento e isso é muito bom porque traz consciência …
    Não se esqueça que muitos desses pais que estão sobre o seu dedo acusador, que trabalham muito e sem condições fazem a luta dia a dia e que os pais deles e os avos fizeram as revoluções que você estuda e que nos permitem teremos condições que não tínhamos no passado.

  23. Do melhor que tengo lido ha mesmo muiiito tempo. Tão Real,…Tão real que ate doi.
    Sem cultura,…. a sociedade morre.
    Financiemos cultura,…familias numerosas, financiemos o futuro dos nossos filhos.

  24. Gostei muito do seu texto! Como pai de três filhos!!!…, a quem, como a Raquel, pretendo dar a melhor educação, padeço do mesmo problema: não sendo contra as novas tecnologias, reconheço nelas uma especial “perversidade” no que toca à capacidade que possuem de, “sibilinamente”, retirarem pais e filhos do saudável convívio familiar com a quase inconsciente conivência daqueles. De resto, sendo, como sou, de Braga, imagine quanto não dispendo eu numa deslocação a Lisboa com 3 filhos por dois míseros dias, sem sequer contabilizar visitas a museus ou qualquer outra actividade didáctica e/ou educativa.
    Resta-nos esperar que quem nos governa tenha a sensibilidade de perceber que, num País com uma demografia em acelerado decréscimo, só um claro e expressivo incentivo não apenas à natalidade, mas e principalmente, a quem pretende dar aos filhos a melhor educação e transmissão dos valores essenciais à vida em comunidade, designadamente com uma séria e verdadeira política fiscal que proteja e beneficie quem tem filhos, que reconheça o significativo esforço que hoje é criar 3 filhos (no meu concreto caso), que permita e mesmo incentive o acesso à cultura, a espectáculos, a museus, etc., poderá evitar a “rendição” dos progenitores ao facilitismo do wireless, dos podcasts, dos instagrams, Facebooks, whatsapp, etc., etc.

  25. Como é bom o capitalismo. Se estivéssemos sob o socialismo, teria de gastar esse tempo todo na fila para ter 2 sacos de arroz. Aí é que os filhos seriam bem educados..

  26. Concordo consigo mas vamos convir pagar balúrdios para visitar o que e nosso, uma família de 4 pessoas deixa la ordenado, 8,50 para visitar Castelo esse valor deve ser para conservar as muralhas !!!! é roubar, o turista que pague nos só devíamos pagar algo simbólico assim sim teríamos mais qualidade de vida passeávamos mais e visitávamos mais lugares eu na minha altura com a idade das minhas filhas já tinha visto tudo e nunca paguei como agora, elas coitadas não nao da para pagar 4x visitas Castelo, 4xsubir elevados, pagar, pagar, pagar e a palavra chave !

  27. Pingback: Filhos, sinal exterior de riqueza – À volta do infinito

  28. Os filhos não são um sinal exterior de riqueza, embora seja “caro” educa-los “bem”. São antes um sinal de riqueza interior…. No entanto sou um jovem advogado pai de 7 filhos que percebe bem a ideia que pretende aqui transmitir e que é muito interessante

  29. Concordo e é bom que se fale disto!
    Fico sempre indignado (e um pouco revoltado) com os preços de visitas a exposições, museus e locais históricos, como o Castelo que menciona, para crianças e jovens em idade escolar.
    Principalmente quando comparamos com locais como França, Inglaterra e outros países desta Europa onde para esses jovens as entradas são de graça ou com preços bem em conta.
    E não é apenas em actividades culturais mas por vezes há descontos que se aplicam a jovens até idades como 19 anos, mesmo que não estejam a estudar, para actividades lúdicas como ir ao cinema.
    Além dos bilhetes família que nesses países são desenhados mesmo para famílias. A última vez que tentei comprar um bilhete família em Portugal para uma exposição, contemplava apenas 2 filhos (tenho mais, e quanto maior a família mais precisa destes incentivos) e só se tivessem até um idade muito baixa. Para além disso o desconto era irrisório.
    Enviei uma carta à entidade organizadora na ilusão que possa alertar alguém e se possam mudar práticas para o futuro.

  30. Pingback: O MELHOR PARA ELES OU O TUDO, AGORA - SLOWER

  31. Gostei muito! Inquieta-me a falta de acesso a uma educação mais humanista da maioria das crianças em Portugal, pela mercantilização das expressões artísticas, mas também por outros motivos! Questiono-me se outros pais definem algum projeto a este nível, e tenho-me focado na socialização para uma cidadania que considero primária. Na creche o meu filho começou a partilhar livros com outros amigos, e já sente a presença e a ausência dos livros. Já estamos inscritos numa rede local de bibliotecas públicas e este fim-de-semana vamos “à casa dos livros que são de todos”!

  32. Tive um Director em 1987 que projectou por slide o seguinte tema: Levar o ensino até ao ano dois mil à estaca zero; para depois moldar a sociedade à nossa maneira. Sendo a cônjuge deste, secretária, à altura do nosso cinicamente votado primeiro ministro, perguntei-lhe se tinha sido promovido por conta de cunha da esposa. Respondeu-me que isso seria muito à esquerda para ele. Claro que hoje é pomposo, cativante e fácil uma prosa social e familiar, deixada aos pseudónimos-profetas da harmonia social perfeita – a que chamamos políticos, uns chamam-lhes os falhados profetas da desgraça, outros os dogmas da mentira, outros o espaço que a família não conhece. Então, há bem pouco tempo havia financiamento a projecto comunitário para viatura caravana de barbeiro para locais interiores, duas ou três primaveras depois, nem médico de família inúmeros imensos concelhos não tem para urgências nocturnas. Já não há humanização, a todos os níveis da vida social e profissional há mercantilizarão total, o ordenador-maquina mercantil é o homem, não é o animal. Sem permitir maus tratos a animais, até se humaniza o animal, em vez dos filhos e da família, que quereis, filhos humanos, não há, há filhos mercantis, que reagem mercantil a tudo. O problema pior é que já não há regresso, já se irá muito tarde, agora só com graves marcas para a história. Em qualquer das formas, fiquei muito impressionado com o tema, fascinado com a autora, nem imaginava vir a ler do-que comungo profundamente. Parabéns à sua existência Raquel Varela. bem haja.

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