Quantos ventiladores pagará o Novo Banco?

Os colégios privados fecham, as universidades encerram as aulas presenciais, empresas proíbem reuniões, países fecham fronteiras, EUA proíbem voos, as escolas públicas mantém-se abertas. Irresponsabilidade total. Manter as escolas abertas não é uma medida de saúde pública – é a confissão desastrosa das políticas económicas que vivemos. Mais de metade (não é número metafórico) dos pais tem trabalhos precários ou precisa de dois turnos e horas extra para pagar contas regulares. Um Governo a sério encerrava tudo e garantia os salários. Este finge que vai tomando medidas
quando estamos a assistir há 2 semanas, na verdade há meses, não a prevenção e contingência mas a uma resposta casuística…

1 – A Linha de Saúde 24 colapsa, afinal está na mão da
Atlice e as chamadas são pagas! – o grande instrumento de selecção dos doentes do SNS é gerido de facto por uma empresa de comunicações privadas que só atende um número de doentes que contratou…Tentei escrever isto sem ter nauseas.

2 – Nos hospitais não há ou escasseia o equipamento de protecção para os profissionais de saúde.

3- Médicos relatam publicamente que os hospitais privados estão a mandar os doentes de COVID para o público, enquanto pedem ao Governo para lhes dar (e pagar) outros doentes menos urgentes. Tentei escrever isto sem vomitar.

4 – Em cima da epidemia pedem-se médicos voluntários, em vez de abrir um período de contratação extraordinária para médicos e enfermeiros – que estamos a exigir há anos, meses, semanas!.

5- Temos 4,2 camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes, a Itália 12, a Alemanha 29. Que fez o Governo sobre isto? Quantos ventiladores cabem no Novo Banco? Quantos anestesistas cabem nos buracos do BPN? Vamos continuar a fingir, em cima de uma pandemia que não temos um elefante na sala? Marcelo estava há 10 dias a distribuir beijinhos pelo país, Costa pedia calma, Temido faz declarações ininteligíveis, até no português – qual destes governantes actuou hoje e ontem para orçamentar o SNS e fazer disto a prioridade número 1 do país?

6- A DGS avisa que todos têm um amigo com uma horta. Na sequência, milhões de portugueses sem um amigo com horta correm aos supermercados feitos loucos. Não há crise de abastecimento portugueses! A crise é de saúde pública. Não é para ir a correr ao supermercado, mas para evitar ir ao supermercado!

7 – Os portugueses podiam olhar para os trabalhadores do Louvre – recusarem-se a trabalhar sem protecção garantida -; ou para os professores de algumas universidades – recusarem-se a dar aulas. A CGT francesa já está a exigir medidas de protecção para os assalariados. Sindicatos do meu país, algo a dizer?

8- Não são só as escolas. As grandes fábricas e os transportes são um perigo. O que fazer na Auto Europa, portos, aeroportos, metro, CP, Visteon, call centres e grandes empresas com linhas de montagem e alta possibilidade de contágio onde a maioria ou grande parte depende de turno extra para pagar hipoteca da casa? Responder a isto é urgente e já devia ter sido preparado, antes e não durante a epidemia. A resposta não é manter as pessoas a trabalhar e, por isso, os filhos deles nas escolas. A resposta é uma linha de financiamento para suportar estes salários, e deixar as pessoas em casa protegidas e os filhos. Paga pelas grandes empresas e bancos que não pagam impostos, e que acumularam em décadas lucros astronómicos com base no trabalho alheio e no esforço das pequenas empresas. São os dividendos, os salários obscenos dos gestores, os lucros públicos dos Bancos que devem assumir a factura.

Situações graves exigem ainda mais calma e não mais pânico. O mundo do trabalho organizado tem que responder com organização face à desorganização em curso, face ao populismo dos governantes sorridentes e inaptos, gestores de um país que mete água por cada buraco. É preciso lavar as mãos a sério para as desinfectar – não é secundário. Mas não podemos lavar as mãos no sentido de Poncio Pilatos, vendo medidas inaceitáveis seguirem o seu curso.

6 thoughts on “Quantos ventiladores pagará o Novo Banco?

  1. Muito bem , as palavras justas no momento exacto. Tenho dois amgos franceses da Peugeot em Wuhan, (vivo en França hà dez lustros !) onde nos encontramos algumas vezes nestes ultimos anos.Resolveram nao se expatriarem. Ficaram no apartamento durante mais de um mês. A fàbrica està a arrancar de novo a produçao. Jà nao hà praticamente aumento diàrio de infectados…o virus està quase dominado na regiao de Hubei… Graças a medidas fortes, sem discussao, no momento oportuno… Mas os comunistas chineses sao uns ditadores…

  2. Já vi que a senhora está disposta a abrir os cordões à bolsa….empregada por conta de outrem, claro está! E esse outrem é o orçamento do Estado.

    • Já vi que para si o dinheiro é mais importante que a vida das pessoas, incluindo a sua e a dos seus familiares. Vai na volta ainda é daqueles que pensa que o dinheiro é feito pelo trabalho que faz.

  3. Bem haja, de total em real e oportuno Raquel. De facto, há vários dias que estou de igual; com náuseas e vómitos, ou ódios, vendo estes hipócritas, que a nada prestam, nem para enganar.

    Vê-se lhe nos olhos – que apenas tem um objecto total: apenas dizer lamechismos para enganar as pessoas, só tem objectos económicos, mais nada. É tão horroroso, o que deitam para fora da boca de irreal, nenhuma noção do real tem, nem querem nada saber. Aldrabões compulsivos, é o que temos.

    Horrível, a realidade de mando – da inconsciência total – apenas tem baforado arruaças sobre tão grave situação até agora.

    Esta irresponsabilidade ou desprezo na consciência pela vida vai se pagar cara, tal como diz a história, calha sempre a maior parte ao mexilhão.

    Inacreditável a falta de maturidade na gestão, até figuras máximas nesta gestão, em pânico já se viram na televisão. Que vergonha, bandalhice que se vai pagar cara. Que aldrabões tão baratos.
    Continuamos a ser um País que apenas funciona alguma coisa pela carolice e aflição de meia dúzia deles, que sofrem para manter ainda este estado social pantanoso sem dono.

    10% no Estado para o manter, 90% para viver á conta dele, há muito que assim é.
    Não há dever social nenhum e humano nenhum, é o salve-se quem puder, mercantilistas, na sua maioria.

    In fine, só falta “o Socas” declarar as comissões, e será o maior Santo de Portugal, podendo mesmo vir a superar o D. Nuno Alvares Pereira – como Santo.

    Tão enganados estão, que nem se apercebem que este mal toca a todos, nenhum está a seguro de nada em lado nenhum.

    Era tão possível precaver solução sem grandes danos. Tanta inesquecível bacorada saiu da boca destes idiotas para a televisão. Inacreditável, como se mostrou como somos, estamos.
    Estado sem Estado, sociedade sem sociedade, Estado Social televisivo; vivam, os F’s.

    Esperança, é o que no traduz, neste Estado social do desenrasca, aqui pouco salvará, senão andar a reboque, e paga o povo. Assim se está.

  4. Banco Central europeu,nao devia ordenar mandar fazer X de dinheiro para Cada País,para pagar estes valores,e as pessoas poderem ir para casa.

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