Há dias o escritor Fernando Dacosta dizia com desassombro «nunca em toda a minha vida assisti a tão pouca crítica» – ele já tem alguma idade. Descanso-vos já, na sua intervenção foi implacável na crítica ao actual Governo e ao de Passos Coelho – não poupou, sabe quem lá estava, nas palavras. Lembrei-me desta sua frase a propósito da celebração de Centeno no Europeu, um órgão informal não eleito de ministros das Finanças que dita a povos que nunca foram chamados a votar neste «executivo» o que fazer? Desde logo existe uma questão de princípio democrática – na minha escala de valores não é irrelevante ter um executivo informal não eleito directamente e que me “puxa as orelhas” porque eu supostamente devo pagar juros de dinheiro que não pedi emprestado e não se encontra em minha posse – mas há outra, política, que não deve ser desvalorizada – o principal Ministério europeu, e que comanda todos os outros, é o das finanças. Não é o da economia (regras da casa, oikos+nomos, casa + normas), da saúde ou educação ou cultura, é o dos juros, bancos e rendas. O colapso de 2008 parece ter sido esquecido.