Um erro de 340%

Carlos Antunes, matemático que aconselha o Governo ao confinamento e encerramento de escolas em declarações a 20 de janeiro: “Dia 10 ou 12 de fevereiro iremos atingir 17 mil casos diários”. Temos, 15 dias antes disso, menos de 5 mil casos. Em ciência nem chamamos a isto um “erro grosseiro”. Mesmo sem contar as duas semanas de falhanço nas previsões e só olhando para o valor avançado por Carlos Antunes é um erro de 340%.Jorge Torgal, na mesma altura de Janeiro, catedrático de epidemiologista e Presidente do Conselho Nacional de Saúde: os números vão cair radicalmente em menos de 15 dias entre outras razões porque há uma onda de frio que reduziu drasticamente. Infelizmente o confinamento não irá – disse – impedir a catástrofe nos lares e idosos sós e pobres. E vai criar ainda mais doentes de outras doenças não tratadas, com mortes precoces e evitáveis. Para pensar assim são precisas 5 décadas de estudo multidisciplinar, independência científica e aquela dose fundamental de um ingrediente famoso na produção científica – coragem intelectual.Foi com base num “erro” de 340% que se impuseram mais uma vez medidas devastadoras para a saúde, economia, educação e democracia de um país inteiro.

https://tvi24.iol.pt/videos/sociedade/covid-19-dia-10-ou-12-de-fevereiro-iremos-atingir-17-mil-casos-diarios/6008a8240cf27e103fcc54a2?fbclid=IwAR06sGjsMTEmVYXeDGEiamZq66Pq1L47-y1Y4TIr7NxTnqG3a8XITb-GkSI

2 thoughts on “Um erro de 340%

  1. Os Carlos Antunes & companhia estão tão ocupados com as suas bolas de cristal que não têm tempo para se aperceberem não só da realidade epidemiológica, mas das outras subtis magias que se vão passando à sua volta. Como é o caso das novas normas da OMS, de 20 de janeiro, para os testes PCR: https://www.who.int/news/item/20-01-2021-who-information-notice-for-ivd-users-2020-05
    Eu, que não sou de intrigas, acho que estas novas normas nada terão a ver com a assinalável redução de casos (e mortes por PCR +) a que se assiste a nível mundial desde finais de janeiro. É só coincidência.
    E muito menos estas novas normas da OMS nada terão a ver com a crítica técnico-científica demolidora a que os testes PCR forem submetidos em novembro por um grupo de malandros armados em cientistas corajosos: https://cormandrostenreview.com/report/
    Até porque a OMS ia lá ligar a críticas tão esotéricas de “primers”, ciclos de amplificação e quejandos, assuntos manifestamente indigestos para qualquer pessoa de bem…

  2. Confesso o meu cansaço perante o espetáculo de números, percentagens, avaliações, previsões e comparações entre a quantidade de mortos nacionais e estrangeiros. Todos os dias, a todas as horas e a todos os minutos repetem-se números exatos até à exaustão e exibem-se gráficos e tabelas na perfeição. Sucedem-se histórias de morte mais do que de vida. A morte invadiu as nossas casas e famílias, cujas meias-vidas estão agora suspensas por um ténue fio que as liga à esperança. As máscaras calaram as vozes e abafaram o ar dos sorrisos e das gargalhadas que dantes faziam a música e a alegria dos lugares. O ar que respiramos é pesado e tresanda a mortos-vivos. A tristeza vestiu-nos de tal forma que até os dias refletem o frio e a escuridão em que vivemos. A frieza e a dureza dos números pesam como chumbo neste charco contaminado para onde fomos atirados.
    Estou cansada de contas, cálculos, erros, sucessos, falhanços, correções, especulações, curvas, espirais, critérios, normas, certezas e demais! Somar os mortos não faz aumentar os vivos. Somar quantidades resulta sempre em subtrair qualidades. Subtrair aos vivos a sua qualidade de vida faz aumentar a sua morte em vida – medo, terror, sofrimento, ansiedade, pânico, depressão, privação, solidão, abandono e suicídio. É pela vida dos vivos que há contas para fazer, necessidades para avaliar, condições para melhorar, erros para corrigir, critérios para definir, prioridades para estabelecer e regras para cumprir. Lamento profundamente, mas pelos mortos nada há a fazer. Salvem os vivos! Isso sim, nunca me cansarei de ver.

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