Os Ricos são preguiçosos

É verdade que ninguém deve viver sem trabalhar, a não ser crianças, doentes e reformados. Desde logo porque o trabalho, como actividade vital, define-nos e é fonte, com qualidade, de prazer.

Mas essa verdade- a de que ninguém deve viver sem trabalhar ou “à conta de subsídios” – esconde duas outras: que os ricos não trabalham, gerem força de trabalho, os ricos, ou para ser precisa as classes proprietárias daquilo que é necessários para produzir a riqueza gerem trabalho e riqueza, não trabalham; e os seus filhos, na sociologia das classes altas, estão entre os sectores mais preguiçosos, lumpens, consumidores de drogas por apatia e desinteresse total na vida, desde logo porque não trabalham, a quantidade de gente sem fazer nada nas classes altas é muito maior, proporcionalmente, no que nas classes trabalhadores. Só que os seus erros, incluindo crimes, são frequentemente apagados por uma panóplia de advogados, psiquiatras, psicólogos e até instituições de luxo onde os encerram, e gente que vai com o seu saber técnico amparando a lumpenização dos filhos da burguesia.

A segunda razão é que o desemprego para as classes trabalhadores é involuntário, com raras excepções. As pessoas não trabalham porque não têm trabalho e porque os trabalhos as adoecem muito cedo, e isso tem uma razão de ser – o desemprego surge com o capitalismo, antes não havia tal noção, porque o desemprego, a ameaça dele, é o que empurra os salários para baixo.

Nunca se viu ninguém do partido neofascista Chega falar sobre os “subsídio dependentes” nas classes altas. Que a rigor vivem do nosso trabalho.

São as classes altas que controlam a produção que criam o desemprego. Vejam como agora face à falta de professores em vez de se aumentarem salários e e carreiras atractivas chama-se reformados para dar aulas, tudo para garantir que os que estão não têm aumentos salariais de facto. Ora se algo iguala PS, PSD, IL, Chega é serem contra o emprego público com direitos. Podem chamar-se reformados, deixar alunos sem professores, sucontratar a privados e com isso gastar milhões mas não se pode contratar professores para o ensino público com salários e carreiras decentes. Idem para os médicos, os médicos podem trabalhar até cair para o lado no privado, mas não se lhes dá a carreira no público que merecem. Claro que o objectivo destas políticas não é combater o desemprego nem prestar serviços públicos decentes com os nossos impostos, é a receita liberal radical de ir buscar aos serviços públicos todas as gotas de lucro privado, mesmo que morram pessoas ou alunos fiquem sem aulas.

5 thoughts on “Os Ricos são preguiçosos

  1. Os fascistas usaram através da força e leis ilegais, como o confinamento, parcerias estratégicas para implementar o que desejavam. Atribuíam aquilo que diziam que se tinha que fazer, a um “bicho” que ninguém via, mas todos tinham medo. Foi uma nova forma de totalitarismo e abuso de poder.

    Se a lei fosse seguida e respeitada, os anos desde 2020, teriam sido muito diferentes e isto foi com uma esquerda no poder, a exercer medidas de extrema-direita. Se os da esquerda se comportam como a direita, para que é que se necessita de direita ?

    As vítimas de um engano apenas diziam que iria ficar tudo bem, sofrendo do síndrome de Estocolmo, defendendo o próprio agressor. Foi uma época que trouxe ao de cima ao pior dos dito Humanos e mostrou a ganância dos ricos, a falta de respeito por leis e desconsideração pelo próximo.

  2. Existe pouco coragem por parte da maioria da comunicação-social (muita dela paga com os nossos impostos), e de alguns dos seus jornalistas, muitas das vezes colocam-se ao lado dos interesses da burguesia e do capitalismo em particular , mas acredito que existem jornalistas que fazem bem seu trabalho, e aqui fica o meu total apoio! Quanto as declarações da Drª Raquel Varela, não posso estar mais de acordo e assino por baixo…

  3. O moralismo do trabalho é o mesmo do da produção ou da produtividade, o trabalho é libertário mas não pode ser o modo de vida. O trabalho no contexto que conhecemos transporta consigo uma condição de subalternidade, não é a expressão livre do indivíduo. A esquerda está sem alternativas porque não tem projeto político que não implique diferenciação e hierarquização da sociedade. As pessoas estão convencidas que é justo não terem uma vida digna, as pessoas estão convencidas que merecem o que têm a capacidade de ter. Esta noção de indivíduo não é fruto de uma direita lunática e desajustada, é sim o resultado de uma sociedade perdida. A sociedade desejável não é uma questão de proporção nem é o lugar das pequenas conquistas.

  4. Pingback: Os ricos são preguiçosos – Escola Portuguesa

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