Direito a lutar por Direitos

Todos os dias na linha de Sintra em comboios viajam apertadas durante 2 horas 10, 100 (1000?) vezes mais pessoas do que as que se manifestaram contra o racismo este fim de semana. A manifestação não constitui nenhum perigo acrescido para a saúde pública. Todos os dias quem se manifestou tem a sua vida exposta ao risco, ao COVID e a realidades muito mais graves. Não foi a saúde pública que motivou comentários contra a manifestação. A realidade é outra: todos em Portugal consideram o trabalho essencial, mas nem todos respeitam quem luta por condições dignas de trabalho e vida. Todos sabemos que um operário – há 1 milhão no país – está em risco todos os dias nas cadeias produtivas. Vê-los juntos no comboio, na linha de montagem, no porto, ou na logística é normal e importante, batemos palmas enquanto nos confinamos (ainda bem, quem pode) em casas com jardim e apartamentos com sol à espera que o estafeta chegue com o jantar. A lutarem juntos é que já seria acessório, dispensável, uns “irresponsáveis” a contaminar o mundo. Louvam-se direitos democráticos quando eles estão na Constituição, mas condena-se quando são exercidos, em suma. A morte de George Floyd transformou-se num poderoso grito que ecoou no mundo em plena pandemia – “não consigo respirar” é o sufoco de negros mortos pela polícia, de milhões de desempregados de todas as cores descartados como peças inertes, de empregados em pânico ou destruídos mentalmente com condições laborais cada vez mais degradadas, é não conseguir fazer planos e dar um sentido para a vida. Lutar colectivamente por direitos é para milhões de seres humanos, hoje, a única forma de lutarem pela vida. A manifestação não é nem nunca foi uma questão de saúde pública, mas de exercício de direitos de quem normalmente não tem direitos. São as vítimas diárias, que todos os dias andam a olhar para baixo, humildes, são, dizem, os “efeitos colaterais da economia”, que se transformam – finalmente! – em sujeitos, de costas erguidas, a olhar em frente, com voz própria.

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2 thoughts on “Direito a lutar por Direitos

  1. Manifestação de acéfalos, que provavelmente foram manipulados pelo Facebook e afins – controlado pela facção liberal-financeira das elites (e o qual até “investe” directamente dinheiro neste tipo de manifestantes: h*tps://www.facebook.com/zuck/posts/10111969612272851) – que serve de apoio à tentativa de “revolução colorida” nos EUA.

    (Que modelo social e económico alternativo é que defendem tais manifestantes? Até uma conhecida “jornalista” da TVI lá estava, desta vez para variar da propaganda de medo sobre o COVID para, uma vez mais – mas, de modo diferente – fazer propaganda a favor dos interesses financeiros que lhe pagam.)

    Racismo e condições económicas deteriorantes, nos EUA, são coisas de sempre ou desde que Kennedy foi morto, respectivamente. Isto é, não são culpa de Donald Trump.

    E, goste-se ou não do mesmo, Trump quer voltar a fazer da “América Grande”. Tendo, para isso, já começado a fazer alterações políticas (que passaram por rasgar os anteriores acordos de livre-comércio internacional – contra os quais manifestantes com verdadeira consciência política, como eu, se manifestavam no início da década passada).

    Mas, como o Estado Profundo dos EUA, montado pelos antecessores globalistas de Trump (o mesmo que matou Kennedy, que no entanto não se pode equiparar a Trump) quer continuar a fomentar a espiral que continua a afundar (propositadamente) a Economia do seu País e não só, toca a lançar uma tentativa de “revolução colorida” (h*tps://www.globalresearch.ca/perfecting-the-method-of-color-revolutions/32261) desta vez nos próprios EUA, visto que Trump continua a ser o favorito para as próximas eleições presidenciais (e já avisou que os seus inimigos irão, uma vez mais, tentar aldrabar os resultados).

    Aliás, tudo isto é de tal modo óbvio e expectável, que até foi previsto com meses de antecedência: h*tps://twitter.com/EstulinDaniel/status/1219648816103743489

    E, o próprio símbolo do movimento “Black Lives Matter” é uma assinatura dos movimentos controlados pela CIA e afins: h*tps://twitter.com/BlackFerdyPT/status/934827651533099009

  2. Pingback: Manifestação | Direito a lutar por direitos - Vila Nova

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