Tenho apreço e respeito pela Dra Graça Freitas, cuja tarefa que leva nas mãos nos merece todo o apoio. Mas há decisões que não são só técnicas, são políticas. Não há como convencer milhares de alunos e crianças a lavar as mãos, embora toda a pedagogia nesse sentido deva ser feita. Não há como dizer, se me permitem usar sociologuês, que se pode evitar uma ameaça social com um comportamento individual. Isso é uma quimera, estamos a mentir a nós próprios. Transfere a culpa dos governos para os indivíduos, neste caso…para as crianças e jovens. Ora em sociologuês não existe culpa, existe responsabilidade. Não se gerem sociedades recorrendo à culpa, ou ao pecado. Precisamos antes de responsabilidade e de acção social e politica, e não de culpados de viagens…, de abraços… e de mãos que, mecanicamente, todos sabemos, vão aos olhos, e à boca – sem que sequer tivéssemos dado conta, até nos adultos.
Hoje todos nos perguntamos porque não se decretam duas semanas fora do trabalho, escolas, aglomerações em Portugal, e, pelo contrário, se fecha tudo a pouco e pouco…até estar tudo fechado. A Itália é exemplo de várias coisas: mortalidade alta que tudo indica foi ocultada na China; não atinge só idosos; medidas avulsas não contém o virus; os serviços de saúde estão próximos do colapso; e no fim, o que se procurava evitar, não se evita – o encerramento de escolas e fábricas. Há alturas para ter calma e esperar, há outras para agir, sem pânico mas com determinação. Perante o desconhecido reagir a mais é politicamente justificável, mesmo que tecnicamente duvidoso. Não acho que devemos todos ir a correr comprar feijão, isso não ajuda, só complica. Mas não manda a precaução agir já, com medidas mais extensas, mesmo que se venham a revelar excessivas?
Há um impacto económico evidente numa economia que está há muito em crise, tão podre e insalubre que um vírus a manda abaixo no século XXI ultra produtivo, como se estivéssemos na Idade Média, na escassez, a viver como camponeses de enxada na mão. Isso será tema da crise 1929 que aí vem e que todos os que estudamos a sociedade moderna criticamente avisámos que aí vinha. Oh, se avisámos! Rios de papel e avisos! Virá como “choque petrolífero” em 1970, como “subprime” em 2008, como “vírus” em 2020, há sempre um gatilho que faz explodir os ciclos previsíveis da competição capitalista – previsíveis, reitero. Mas agora o norte político só pode ser salvar pessoas e suportar a coesão dos sistemas de saúde e dos seus profissionais – é essa a única variável que deve estar em cima da mesa quanto a decidir quarentenas. Lembrando Galeano: contra as crises na bolsa de valores, outros valores impõem-se – os valores humanos.
Muito bom, muito oportuno, comungo no todo, lamentamos que a cegueira do lucro vá dar o caos na humanidade. Mercantilismo total, com tudo o que seja risco na vida de quaisquer; é assim que se denomina a palavra “político”, reponho, significante de todos os meios para ficar por cima do próximo. Quem pode fugir a isto?!!, o bicho humano coletor e acumulador de proveitos sem limite.
Já algum tempo já tinha manifestado a minha opinião nas redes sociais, e, que de imediato foi acusado de alarmistas e de estar sempre contra. Porque é que o governo do PS de Costa /Centeno não aplicou as medidas que foram implementadas assim que perceberam do vírus preveniente da China, por Macau?! Mas os que estão mais atentos a estas coisas sabem muito bem Porquê? Porque a chamada União Europeia e económica esta mais preocupada com os lucros dos capitalistas (mercados) de que os interesses dos trabalhadores e do seu País