Em mulheres em breve vão ganhar mais, em média, do que os homens
Como sabem a maioria das feministas acredita que «não há capitalismo sem sociedade patriarcal». O que na verdade é falso, não há é capitalismo sem competição entre trabalhadores, pode haver numa sociedade matriarcal. Os países europeus em breve, muito em breve, serão disso exemplo, porque mais de 70% dos estudantes universitários são mulheres. E essa é a categoria fundamental que estaticamente marca o valor do salário na Europa – o nível de formação.
Contribuindo para o debate sobre “feminismo” recordo dois dados que aparentemente têm estado fora do debate: a maior diferença salarial em Portugal não é entre homens e mulheres, mas entre jovens e mais velhos, precários e fixos. A estatística simplista não explica nada – num local de trabalho uma mulher mais velha ou fixa ganha em média mais do que todos os homens – que exercem as mesma funções dela – se forem mais novos ou precários. Passa-se que pela passagem da sociedade rural a urbana os homens tiveram mais acesso aos lugares de topo e por isso na estatística aparece a grande diferença salarial. Outro dado: a maioria do assédio nos locais de trabalho é moral, não é sexual. O assédio sexual existe, onde há poder (financeiro e físico, aqui as diferenças naturais, força física, contam e muito) mas o que está disseminado em Portugal é o assédio moral nos locais de trabalho e esse aplica-se nas mesmas taxas quer o superior hierárquico seja homem ou mulher. Há mais homens a praticá-lo porque há mais homens em lugar de chefia. Não porque as mulheres o pratiquem menos – onde há hierarquias determinadas pela força e não pela democracia, de cima e não de baixo, há assédio. Por isso a gestão democrática é fundamental para haver relações saudáveis nos locais de trabalho.
O mundo é complexo. Partindo de dogmas panfletários não o vamos compreender. E sem o compreender não o vamos mudar.
Defender a igualdade de género num contexto de absoluta desigualdade entre pessoas é um absurdo. Lutas de facção que desviam do essencial perpetuam a injustiça e não o contrário. Parecer bem não é exactamente o mesmo que fazer bem, há uma parte da esquerda que já desistiu de lutar por todos, comemora as vitórias nos mesmos termos que a direita o faz e até os métodos de obtenção dessas vitórias parecem indistinguíveis.
Não sei se nos conhecemos na vida real mas acho a grande maioria dos seus comentários profundos. Deixam me sempre a pensar.
Obrigado pelo elogio, não nos conhecemos na vida real mas somos próximos, pelo menos no que diz respeito a certas certezas e a algumas outras duvidas, é um prazer pensar e aprender consigo.